quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bagunça bonita.

Não tem jeito!!! Eu tento sempre manter meu material de trabalho apenas no atelie, mas quando percebo tem um paninho na cadeira da sala, a guilhotina de papeis está na mesa do computador, a máquina de costura na mesa de jantar. E por aí vai.

Quando é véspera de feira a coisa fica pior, por todo lado da casa tem alguma coisa. Além de matéria prima e produtos já prontos prá todo lado, tem ainda tudo aquilo que envolve a exposição e comercialização dos produtos Cabeça de Papel.

Na última semana pré feira eu estava rodeada de tudo, quando toca o interfone!

Pensei logo: "Oba, deve ser o carteiro.

Então ouço a voz do meu pai : Filha, abre aí. Tenho uma surpresa prá você.

Respondi: "Que surpresa é essa pai? Sobe aí"

Quando abri a porta, quase tive o impulso de fechá-la imediatamente. Eu não podia acreditar que papai trazia minha avó aqui logo agora. Logo agora que não tem nem onde ela se sentar direito. Logo agora que não tenho como preparar o biscoitinho com chá que ela gosta. Meu sorrizo prá eles foi quase de decepção, afinal era a primeira vez que ela vinha na minha casa. E a primeira impresão é a que fica. Mas como não podia fazê-los voltar dali da porta, tratei logo de abraçar minha avó e curtir aquele momento inesperado.

Assim que ela entrou disse que queria ver o que eu estava aprontando. O susto foi passando enquanto orgulhosamente mostrava meu trabalho. Em pouco tempo, estavamos trocando idéias e dicas sobre acabamento, avesso, linhas, botões... Até hoje, com seus 85 anos e sem precisar da ajuda dos óculos, ela ainda borda e costura muito bem.

A conversa estava boa, mas ela tinha que ir embora. O tempo passa tão rápido nessas horas. Enquanto ela se despedia, me senti na obrigação de pedir desculpas por aquela bagunça toda. E ela, com aquele semblante alegre e sereno me respondeu: "Fana, não se preocupe, está uma bagunça bonita. Bagunça de trabalho é bonita. Gostei muito de vir aqui."

E só depois que ela foi embora, lembrei de tirar foto.
Vou esperar ela voltar, porque ela me prometeu que volta.
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PS. D. Elisa mora em Minas Novas. São 520 quilômetros longe de mim. Ela sempre tem algo prá me ensinar.